Uma reflexão sobre ansiedade, inteligência e convívio social - Parte 1

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(Edited)

Para quem quer entender um pouco melhor pessoas que passam por isso. E, caro leitor, não seja literal demais na interpretação desse texto.

Eu sou uma pessoa que tem muita ansiedade, e eu acho que boa parte dessa ansiedade vem da minha velocidade de processamento mental. Eu sempre estou entediado, o que gera um estresse constante. Não tem algo que prenda minha atenção com força o suficiente para realmente me deixar concentrado. A única coisa atualmente que me deixa assim é jogar Pump it Up (um jogo de ritmo musical), mas às vezes meu físico não acompanha, então não consigo chegar ao nível de concentração mínima que me deixa de mente realmente ativa.

Esse estresse constante só pode ser parado com medicação contra a ansiedade, mas quem quer tapar um problema com um bandaid, mesmo que seja um bandaid eficaz? Resolvi, então, gastar o máximo de energia mental e física que posso, sem me preocupar muito com consequências. Me dando esse nível de liberdade, talvez eu consiga gastar essa imensa energia que tenho.

Algo que me incomoda muito é depender de outras pessoas para resolver uma situação. Em comparação a maioria entre quem me cerca, não há ninguém que consiga tomar decisões rapidamente, e se eu dependo da resposta da pessoa e quero resolver logo esse assunto, sinto uma ansiedade exagerada que me deixa de mau humor. Já que gosto de resolver as coisas logo, tenho dificuldade ignorar a situação e ir me ocupar com outra coisa. Mas estou trabalhando nisso.

Se eu fosse lerdo, a vida seria bem mais fácil, mas já que eu não sou, não consigo me contentar em tomar medicação que reduz minha atividade mental só para eu poder ficar estável. Prefiro tentar chegar a isso através de outros meios.

Se você sofre de ansiedade a ponto disso afetar sua rotina e seus objetivos, então é um caso clínico. Geralmente, quem se enquadra nisso fica pensando demais mesmo sobre coisas negativas tanto passadas quanto futuras. É necessário ser criativo, conseguindo imaginar situações hipotéticas sobre o que alguém disse no passado ou o que pode dar errado no futuro.

É necessário se importar com a opinião dos outros e com o próprio bem estar, ou seja, é importante ser uma pessoa com tendências positivas no convívio social. Acredito que a variedade de hipóteses que uma pessoa pode pensar em curto período de tempo tem a ver diretamente com a cognição dela. Afinal, para pensar em um monte de coisa em um único segundo, ela não tem como ser lerda.

Atividades praticadas como hobbies por pessoas que sofrem de ansiedade costumam ser escolhidas com base no quanto aquilo calma elas. Como já falei, eu jogo Pump It Up porque é uma das poucas coisas que me permitem me concentrar, devido à adrenalina necessária para manter o ritmo de jogo do começo ao fim. É terrível ter que escolher apenas hobbies que se encaixam com o modo que eles se ajustam à ansiedade, pois não se faz nada apenas pelo prazer.

A facilidade de começar a fazer algo também afeta quais atividades são feitas pela pessoa que sofre de ansiedade. Conseguir pensar em coisas divertidas o suficiente, mas que também possam ser iniciadas com facilidade - que não precisam de muita preparação nem que demorem para chegar até o local onde elas são praticadas. Ainda por cima, não deve gerar problemas antes do início, como ter que passar por reações desagradáveis de familiares ou gerar rombos financeiros, pois todas essas coisas geram ansiedade, então é contra-produtivo quando queremos praticar algo justamente para nos acalmarmos.

A pessoa com ansiedade tem receio de interagir com as pessoas, porque ela sabe que o jeito ansioso dela muito provavelmente vai causar situações desagradáveis, e que se ela quiser ir embora, ela vai ter grandes dificuldades para se desvencilhar do evento social sem causar más impressões. Sair com os outros torna-se sinônimo de ser mal visto, que é algo que ninguém gosta. Quem quer frequentar um círculo social onde a pessoa não é bem vinda? Ninguém, e muito menos a pessoa que sabe que estraga as coisas sozinha.

Por tanto pensar nas possibilidades negativas, relacionamentos também são afetados por causa da criatividade para pensar em tudo que poderia acontecer de ruim e o auto-conhecimento sobre como a própria atitude ansiosa atinge amigos e parceiros.

É normal que outras pessoas não aceitem essa atitude ansiosa, e a contínua rejeição faz com que a pessoa que sofre de ansiedade se sinta cada vez pior, cada vez mais próxima do ponto final de separação. Ainda por cima, a pessoa ansiosa sente aquilo chegando, mas como não sabe o quanto próximo está, crises de ansiedade podem surgir, estragando a relação que seria tranquila de outra forma.

Saber de todos problemas que a ansiedade gera não só a si, mas a outras pessoas, faz com que a pessoa que sofre de ansiedade tenha receio de se aproximar dos outros e deixar que se aproximem. Convívio social se torna sinônimo de chegada de novas memórias de sofrimento, de abandono, de se sentir sem lugar nem valor no mundo, já que causa nada além de problemas para as outras pessoas.


Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/suic%c3%addio-depress%c3%a3o-triste-v%c3%adcio-5127103/



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